A busca por um parto humanizado
Por Luciana Benatti
Quantas mulheres você conhece que queriam parto normal e foram submetidas a cesárea? Eu conheço várias. Entre elas, pessoas muito próximas e queridas.
Desde o início da gravidez, queríamos um parto normal. Mas, diante dos insucessos de tantas amigas, no fundo achava que seria mesmo difícil conseguir. Foi só no finalzinho da gestação, lá pelo sétimo mês, que a ficha começou a cair.
A iminência do parto e a experiência de uma grande amiga que tinha tudo para conseguir um lindo parto normal e acabou numa cesárea desnecessária me fizeram despertar do mundo de faz-de-conta em que vivia. Por sorte, deu tempo. Depois de uma troca de médico no oitavo mês de gestação, nosso filho Arthur nasceu num emocionante parto natural na água, sem anestesia nem intervenções.
O conto do parto normal
Meses depois, numa reunião do Gama - Grupo de Maternidade Ativa, onde aprendi muito do que hoje sei sobre parto -, ouvi de uma mulher grávida uma expressão que me marcou muito. Ela disse que havia caído duas vezes no "conto do parto normal", ou seja, fora enganada por seu médico e tivera duas cesáreas desnecessárias. A expressão me pareceu perfeita para descrever o processo pelo qual tantas mulheres são levadas por seus obstetras a ter um parto cirúrgico não desejado, sem que haja sequer uma justificativa plausível do ponto de vista médico.
Falta de dilatação, cordão enrolado no pescoço, bebê muito grande, bacia muito estreita, gravidez que passou de 40 semanas, hemorróidas e até miopia são algumas das desculpas usadas pelos médicos para convencer as mães da necessidade da cirurgia. Isso sem falar naqueles que nem esperam a gravidez chegar ao fim e tiram o bebê antes do tempo com o argumento de que "já está pronto" e a mãe, cansada.
Valendo-se da fragilidade da mulher nesse momento delicado, em que ela está prestes a enfrentar o desconhecido, e abusando da confiança que lhe é depositada ao longo de uma relação de nove meses, o profissional encontra terreno fértil para aplicar o golpe, versão obstétrica do conto do vigário, verdadeiro estelionato praticado rotineiramente nas maternidades da rede de saúde privada brasileira, que confere ao setor um vergonhoso índice de cerca de 80% de cesáreas - quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 15%.
E são as mulheres atendidas na rede privada, que pagam por um convênio médico e, por isso mesmo, pensam dispor do que há de melhor em termos de assistência médica, as vítimas mais freqüentes do golpe, já que no sistema público de saúde - sem entrar, por ora, no mérito da qualidade do atendimento prestado às parturientes - a proporção de cesáreas é menor: 26%. Bem mais próxima à de países como Holanda (14%), Estados Unidos (31%), México (34%) e Chile (40%).
O projeto do livro Parto Humanizado
Nossa vivência durante a gravidez, que culminou na experiência do parto humanizado, foi o que despertou o interesse pelo assunto e o amor pela causa, que estão na origem do projeto de um livro. Nossa idéia é apresentar aos leitores o parto humanizado, entendido como aquele no qual a mulher assume o papel de protagonista, ou seja, faz escolhas informadas, toma decisões em conjunto com os profissionais pelos quais é assistida e, acima de tudo, é respeitada.
A edição privilegiará a série de fotos feitas pelo fotojornalista Marcelo Min a partir do final de 2007, começando pelo nascimento de nosso filho Arthur, num lindo parto humanizado. Nos meses que se seguiram ao nascimento, mergulhamos juntos nas histórias de mulheres que confiaram no poder de seus corpos, em sua capacidade de parir naturalmente e, com coragem, assumiram o controle de seus partos. Parte desse trabalho você vê em primeira mão aqui em nosso site.
Emocionantes, as narrativas visuais desses partos formarão a espinha dorsal do livro, que terá ainda depoimentos, explicações e argumentos técnicos em favor do parto normal. Diante dos elevados índices de cesáreas do nosso país, onde o parto cirúrgico se tornou uma quase unanimidade entre médicos, hospitais e convênios, o projeto pretende mostrar que uma outra visão do parto é possível. E desejável.
Para saber mais:
http://www.maternidadeativa.com.br
http://www.partodoprincipio.com.br
Oi joana
ResponderExcluirEu sou amiga da Manu, sua cunhada. Quase que a gente se encontrou lá na unicamp pois eu estava inscrita para o evento também. Apareceu um parto (eu sou doula)e eu acabei não podendo ir, mas já soube do sucesso do evento e fiquei bem feliz. Estou te escrevendo pra ser mais uma voz no coro de encorajamento para o seu VBAC2.Eles costumam ser partos muito prazerosos, redentores, incríveis. Tenho certeza de que vc vai conseguir (imagino que esteja com uma equipe humanizada)e que o parto da sua filhota será um marco de crescimento pessoal e de união familiar.Saiba que aqui tem uma mãe (de dois meninos também) torcendo por vc e que daqui há pouco estará vibrando ao saber que vc conseguiu. Também estou à disposição para o que precisar. Trabalho com ayurveda na gestação, conheço muitos profissionais dessa área: pediatras enfermeiras, obstetras e doulas. Qualquer coisa que precisar, alguma dúvida ou anseios pode me escrever ok? mairaduarte@gmail.com.
Torço por vc e por sua linda familia!
bjs
maíra duarte
se gostar de ver filmes dá uma olhada
ResponderExcluirhttp://www.vimeo.com/5648654 (tem cenas fortes de cesáreas, mas é bonito)
e o comentário do pai da moça:
Bill Mensch 2 months ago
My message is for all those fathers who might watch this video and be
concerned for their daughters (grandchildren) who are considering a home
birth. Because I was present for Alex's birth, her two sisters' births, and
her brother's birth, I know a little bit about the concerns a father will
have. Yes, I was aware of the issues, hospitals' concerns, and the various
doctors' concerns as Alex progressed through her pregnancy. I can honestly
say, though, that my wife, Dianne, and I were always 100% behind Alex's
decision from the start because we saw where her heart was, her mind was,
and where her indomitable spirit was. She invited Dianne and me to be with
her during her birth week and we had the good fortune to help Alex and her
family before, during, and after JoJo's birth.
My wish would be that all children could come into our world the way JoJo
was born - in such an incredibly loving environment. So fathers, when your
daughter decides she wants to have a home birth, listen to her heart, listen
to her soul. It is literally an opportunity of a lifetime for all concerned.
Thank you, Alex, for that gift!! Thank you!! Thank you!! We will never, ever
forget the joy and the loving family setting you and John created. John was
there for you and JoJo in a way that was so incredible - so loving.
Alex, your video with your brother's music playing in the background is just
so beautiful - it brings a tear to my eye every time I watch it. I Love You,
Dad